quarta-feira, março 01, 2017

# A vídeo-gravação dos exames práticos de condução automóvel


Tenho escutado, porque sou uma pessoa que prefere escutar, primeiro, e só depois, se almejar valor sobre intervenção, falo, exponho, debato, reflicto, sem a prepotência do dono da razão.

Tenho escutado algumas opiniões sobre a possibilidade dos exames práticos de condução automóvel poderem vir a ser vídeo-gravados. tenho ouvido e lido, também, alguns devaneios - que também fazem parte do processo do debate - e tenho-me apercebido de que, igualmente existem, verdadeiras teorias conspiratórias sobre nós, instructores de condução automóvel.


Hoje resolvi escrever a minha singela opinião, em tom de devaneio, válida como qualquer outra, que pode ser aceite ou contestada. Tantos são aqueles que, ou não têm opinião, ou não a expressam com medo de represálias ou ainda os que se acham donos da razão absoluta e universal.

O papel do instructor no exame prático de condução

Apesar de muita gente pensar que o instructor de condução é o "suricata" do processo formativo e o examinador a "hiena" controladora e dominadora, a verdade não é bem essa. Pensam assim alguns instructores e pensam assim alguns instruendos, porque esses instructores lhes transmitem essa sensação, como se a inquisição ainda por aí andasse a queimar gente na Praça.

Primeiro, na verdade, não somos os suricatas do processo formativo nem os examinadores as hienas. Cada um trabalha a sua parte do caminho, todos com um objectivo comum; promover um ensinamento positivo e pedagógico, com a finalidade de se obter um futuro bom condutor. No fundo, o processo formativo é muito idêntico à vivência em condomínio, onde cada um desenvolve a sua tarefa em prol do conjunto.

Pode parecer estranha esta analogia, mas num exame de condução automóvel é isso que acontece. Senão, vejamos;

Dentro de um automóvel de exame vão quatro pessoas; os dois examinandos, o instructor e o examinador. Os examinandos estão presentes para prestarem uma prova prática de aptidão, de acordo com a aprendizagem conseguida nos termos dos ensinamentos prestados. O examinador marca presença para avaliar, com base em determinados critérios, pré-definidos em regulamento, se os examinandos estão aptos ou não - ou se o conseguem apresentar, ou não. O instructor, que também está presente, tem um papel fundamental no exame - pelo menos aqueles que o sabem acompanhar -; verificar se as normas regulamentadas para exame estão a ser respeitadas, tanto pelo examinando, como pelo examinador. Esse é o nosso papel ao longo do exame. Somos a "Suíça". Avaliamos o respeito que tem de haver entre examinandos e examinador. Jamais seremos ou devemos ser um peso morto dentro do automóvel.

Acontece que, como todos sabemos, por vezes, temos vizinhos no condomínio que não têm posturas correctas. E quando isso acontece, temos o direito, em última instância, de apresentar uma queixa ao gestor do condomínio, no sentido de resolver o problema. Também nos exames de condução, por vezes, encontramos maus protagonistas e nós, mediadores, temos de activar o nosso papel e saber usar a nossa posição.

No que a mim me diz respeito, já tive de elaborar três relatórios de exame, os quais serviram para defender a posição dos examinadores, de mentiras proferidas por instruendos incautos, quando apresentaram reclamações escritas contra os ditos examinadores. Mas também já tive de interferir em defesa dos examinandos, por quatro ou cinco vezes, por débil postura ou avaliação dos examinadores.

A vídeo-gravação do exame de condução

Visto isto, não que não seja credível o nosso testemunho, a vídeo-gravação será, apenas, mais um elemento de prova sobre alguma incongruência que surja ao longo da prova de avaliação. Só e apenas isso.

Assim, em minha opinião, o facto do exame estar a ser vídeo-gravado, irá fazer com que "certos" examinadores tenham que passar a adaptar posturas correctas - não as que utilizam actualmente - durante o exame e que "certos" examinandos tenham de rever a sua verdade na hora de justificarem o seu insucesso e adaptarem esses argumentos, a bom da verdade, em eventuais queixas escritas ou verbais.

Afinal, o nosso papel é demais importante.

Foto: Expresso

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